Páginas

IMPERDIVEL

A CORUJA, O MASTODONTE, O FAZEDOR DE BURACOS E OUTROS MISTÉRIOS

domingo, 2 de maio de 2010.

Capítulo 13: Emmanuelle, La Sorbonne, Paris, França

Texto criptografado.

“Peter,

Resolvi partir de Berlim, tão logo recebi um chamado de nossos patrocinadores. Estão muito preocupados com a descoberta dos fósseis e com o desdobramento da situação. Não é mais uma notícia local, já foi publicada nos jornais mais importantes ao redor do mundo. Curiosamente, foi justamente o New York Times que mais deu destaque ao esqueleto do mastodonte. Enviou um de seus melhores jornalistas para cobrir a matéria e realizar uma série de reportagens sobre sítios arqueológicos. É algo que pretendo investigar.

No momento, as obras estão interrompidas, e sua continuidade vem sofrendo ataques na imprensa e no governo. Autoridades importantes, em diversos setores, estão sendo pressionadas para modificar o traçado original do túnel e preservar a área. Se tal posição for levada adiante, teremos sérios problemas, porque seria inevitável a reabertura das galerias provisoriamente lacradas. Todo o projeto poderia ser arruinado. Tratarei disso pessoalmente.

Penso que sua decisão quanto aos depósitos Pégaso foi acertada. Não precisamos de mais estardalhaço. Como bem sabe, tudo que diz respeito aos depósitos sigilosos mantidos na Suíça gera desconforto e desconfiança.

Breve estarei em Paris. Aguarde instruções.

Emmanuelle.”

(continua)

Leia Mais

A CORUJA, O MASTODONTE, O FAZEDOR DE BURACOS E OUTROS MISTÉRIOS

Capítulo 12: Frederico, Aeroporto Roissy-Charles-de-Gaulle, Paris, França

Muito ouvia eu falar do grande pássaro de ferro, mas nunca imaginei que se alimentasse de gente, de cães e de corujas. E mais, que depois vomitasse a comida tal como a engolira. Pois, quando reencontrei meu amigo, parecia muito bem disposto, sorridente - fez-me um longo afago nas asas doloridas e na cabeça. Não posso dizer que estivesse tão bem disposto quanto ele: doía-me o corpo inteiro e nunca antes lembrei-me com tanta intensidade do tempo em que sentia o vento frio roçar minhas asas, na superfície gelada do Ártico. Digo mesmo que se eu pudesse, naquele momento, a cabeça atordoada, morto de fome, ia-me de um sopro para minha terra natal e desaparecia no firmamento.

Mas breve fui voltando ao normal, principalmente depois que meu estômago recebeu uma boa porção de alimento. Devorei com prazer o naco de pão que Mathias guardara para mim.

A primeira impressão que tive ao sair da barriga do pássaro voador foi de estar nas dependências do que os humanos chamam de Céu, pois acreditava firmemente que estivesse morto. O burburinho de vozes, a multidão movendo-se de um lado para outro e a presença de meu amigo, porém, de pronto convenceram-me do engano. Do que ouvi do Céu ao longo de minha convivência com os humanos, o lugar onde me encontro muito longe está de sequer parecer-se com ele. Tampouco estaremos no inferno, porque tanto eu como Mathias nada fizemos para merecer tamanho castigo.

Logo, forçoso é concluir que continuo vivo, pelo que muito agradeço às forças do Universo. Sou muito jovem para partir e encontrar o regaço dos anjos.

Assim que recuperei por completo a consciência, dei-me conta da presença de outro humano junto a Mathias. Um homem baixo e magro, óculos de grau, cabelos desalinhados e olhos escuros. Perto dele, meu amigo era um gigante, ou quase. Imaginei que se haveriam conhecido no interior do pássaro de ferro, porque jamais eu o tinha visto e conheço todos os que frequentam nossa casa em Lisboa (e são bem poucos por certo).

O estrangeiro era simpático e falava português fluentemente. Segundo entendi, aprendeu a língua durante uma longa estadia em Coimbra, a trabalho. Vim a saber, posteriormente, que se chamava Ted, era americano e vivia em Manhattan (também não me perguntem o que é um americano e onde fica Manhattan, não faço ideia).

O que interessa contar é que o americano teve papel fundamental nos fatos que nos aconteceram a seguir. Foi ele o primeiro a quem meu amigo contaria de sua formidável descoberta.

Decorrido o episódio, passei a ter meu amigo em muito mais conta. É realmente um homem extraordinário.

(continua)



Leia Mais
 

  ©Template by GD